19h, 18/4/2014, passando o feriado da
semana santa, eu entro em um barco, voltando para o Rio de janeiro depois de
passar um dia na Ilha de Paquetá que tem aproximadamente 4500 habitantes e 1,2
quilômetros ao quadrado de área.
Mas voltando ao assunto, logo quando entro
no barco, subo com os meus pais para o andar de cima. Depois de dez minutos com
o barco parado para os passageiros embarcarem ele sai da ilha. 19h25min, o
barco já indo em linha reta começa a pegar velocidade. Para não ter que ficar
uma hora e meia sentada em um banco tendo que puxar assunto com meus pais ou
ter que ficar olhando uma paisagem por uma janela que limita a minha visão e
que ainda fica na lateral do barco, então eu pergunto a minha mãe se posso ir
em uma área no mesmo andar que fica na ponta do barco e, nessa área não tem nem
assento, nem cobertura e nem janelas e ela deixa.
19h42min, eu vou para essa área onde,
logo quando chego já percebo a diferença de temperatura que, já que está de
noite e o barco quando anda provoca uma brisa que pode se tornar vento,
deixando essa área bem fria. Esse local é pequeno e como ela fica na parte da
frente do barco, tem um formato triangular e para chegar nele existem duas portas
pequenas. Entre as portas e também nas laterais, havia divisórias que também
serviam para as pessoas sentarem e apoiarem as costas para ver a paisagem.
Por volta de 19h48min uma mulher se
levantou depois de ter ficado muito tempo observando a paisagem e tirando
fotos. Quando ela se levantou eu sentei para descansar e consequentemente
pensar na minha vida (é algo que faço quando estou relaxada e sem nada para
fazer).
Depois de um tempinho, eu percebi que
me sentia muito diferente das pessoas que também estavam sentadas lá, pois
essas pessoas ficavam tirando fotos da paisagem e selfies, enquanto eu apenas
observava a paisagem. As pessoas estavam
usando calça e casaco ou estavam cobertas por um cobertor, enquanto eu estava usando
um short no joelho, uma camiseta e um tênis com furos e nem tinha celular ou
uma câmera para registrar o momento.
Deveria ser mais ou menos 20h quando
já podíamos ver a cidade do Rio de Janeiro toda iluminada com mais detalhes e,
foi nesse momento que eu vi, uma paisagem divida por duas luzes, as luzes artificiais,
que são as da cidade, que tomavam uma parte da minha visão com prédios meio
amarelados, e a dos barcos e navios que são vários pontos de luz espalhados
pelo mar. E tinha as luzes naturais que são as das estrelas, que para mim contrastavam
com o resto da paisagem e eram a parte mais bonita da minha visão.
O mais legal é que não era igual a uma
foto que qualquer um vê e acha que sente a mesma coisa que você sentiu quando
estava naquele momento. Nesse momento eu
poderia saber muito além do limite de uma câmera e guardar isso na minha
memória. Eu fiquei na área até 20h32min que foram dois minutos antes de
desembarcar.
Enquanto eu estava literalmente
naquela paisagem eu penso nas várias coisas que eu faço toda semana e de como
eu ficava cansada e naquela hora eu estava relaxada, sem ninguém para me
atrapalhar ou impedir de ficar assim, foi maravilhoso. Então depois desse dia toda
vez que mencionam o Rio de Janeiro ao contrário da maioria eu não penso em
praia, assalto, Pão de Açúcar ou Cristo Redentor, eu penso naquele momento da
minha vida em que eu vi aquela paisagem e se alguém pergunta como era a
paisagem eu tento explicar como eu acabei de explicar, mas como eu disse isso é
como se a minha descrição fosse uma foto, a pessoa entende o espaço onde eu
estava, mas não entende o que eu estava sentindo.